sábado, 31 de outubro de 2009

Cogumela de Zebú

Irradias em mim a paz mais insólita.
Que poder é esse que possues menina?
Como consegues roubar meus pensamentos antes mesmo que cheguem a mim?
A vibração que possuis é tão intensa e forte
que tem um domínio abissal no meu ser.
Fazendo-me vibrar na mesma frequência que a sua.
Que sintonia é essa que ultrapassa distâncias
prolonga por tempos
e a cada instante faz-se mais concreta?
Ai menina que saudades já tenho de ti...
A ausência da tua matéria
só será mais um fator
que comprovará a magnitude
da nossa energia de ligação.
Sem físico, só alma.
Só percepção.
Telepatia.
Só a nossa digna e eterna
vibração.


Polliana Veras


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Maria-Mulher


Onde andas teu poder melífluo de mulher?
Mãos de pétalas
Pele de cetim
Cadê tua teogonia interna Maria ?
Pra quê vestes tão curtas?
Por quê expôr teus bens preciosos a quem te falta amor?
Onde andas tuas palavras de poesia
tua voz de doçura
teu toque sutil Maria?
Deixaste corromper pela utopia estética
Pela luxúria capital
Pelo poder da mídia.
Mal sabes quem és.
O que te faz?
O que preenche-te?
Dilaceraram tuas purezas
Roubaram sua força guerreira de auto-sufiência.
Hoje até nome de fruta ganhas por suas curvas Maria!
És bela por que és.
Tua existência é única e sublime.
Recupera-te minha cara
Maria-Mulher.
Mudada.
Moldada.
Maldada
Mal - dada.


Polliana Veras

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Passos


Sinto em voce uma idéia fósmea
o abissal do teu interno
causa-me estupor justamente por não saber de certo quem és.
Porém consegues ser dono
de uma energia atônita e intrigante
no meu caso, de dificil descrição.
Tens brilho reluzente no olhar quando fala do que te agrada.
Em somas não dão se quer uma hora de proza
Bastante suficiente
Para passar nos filtros das minhas percepções
e mostrar-me que
por dentro desta capa encantadora de beleza
Possuis uma internalidade mesclado de icognita
que ganha destaque perante a superficialidade dos comuns.
Polliana Veras

sábado, 24 de outubro de 2009

Ganho superficial




Se aceitares me ter por engano aqui estou
Digo-te um sim e satisfaço minha vontade temporária
Ora ora meu rapaz
não tens ao menos a capacidade de saber a real vontade de uma mulher?
Me bajulas com palavras torpes
Presenteia-me com prendas falsas
e achas que me ganha desta forma?
Com conquistas projetadas?
Não meu rapaz
Para conquistar-me a fundo
precisas de poesia na áurea
precisas de leveza na alma
toque sutil
voz cantarolada
luz nos olhos
vaidade camuflada
abraço de nó
Não me venha com flores ou matérias
quero o abstrato
quero que prove-me a sua capacidade
de me fazer sentir apenas com palavras
E assim me ganhará de forma mais inteira
crédula e dominante.
De outra forma não.
Deixarei pensares que és o maior
Farei as minhas vontades supondo ser a sua
E depois partirei
em busca da verdadeira entrega interior
composta de essências e verdades.

Polliana Veras

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Fragmentos de uma carta não enviada


Alguém dentro de mim mente pra me proteger.
Diz que o teu silêncio é prevenção do teu desprezo
Que tua ausência é catalisador de um amor que não morreu.
Que tua fome de vida
veio no momento em que tive de me distanciar
para não presenciar tuas próximas paixões
e inúmeras maneiras de estar completo sem mim.
Porém não pretendo te esquecer.
Prefiro te ter em lembranças
do que não te ter de jeito algum.
Amor não é vivência em prática.
Sofro por sua falta
não porque te amo.
Esperanças da tua presença não mais me iludem.
Mas um dia o fardo de uma história não vivida
atordoará nosso futuro indecifrável.

Polliana Veras

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Amoetar


Estamos abertos a imaginação do acaso.
O futuro raramente é o plano do passado.
Talvez tenhas entrado na minha vida
apenas para mostrar-me
o prazer de dissolver em forma a minha essência.
O mundo de sentimentos que ficou da nossa história
já não cabe em mim.
Ela extrapola os limites da razão
principalmente do coração.
Minha matéria ja não é suficiente
torna-se pequeno para o que sinto.
Preciso externalizar em palavras.
As letras são larvas de vulcão
que explodem de um corpo fervoroso e impulsivo.
Não consigo contê-las.
É uma forma de dividir com os papéis
uma sobrecarga de amor.
Nado num mar de celulose.
Sinto-me incapaz.
Já nao possuo poder sobre minhas mãos.
A letras tomaram conta do que sinto.
Intensificaram o inevitável.
Não adianta deletar o insubstituível.
Prefiro as lembranças acompanhadas da inspiração
ao vazio interno seco e sem poesia.

Polliana Veras

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Surpresas


Ás vezes me pego sozinha.
Contando átomos ao vento.
Jogando um passado bom
em um humor meio abalado.
A recordação quando é viva
tem o poder de resgatar sensações.
Lembranças sem desejos
são apenas memórias.
O bom de guardar o que passou
é a esperança de reviver o que talvez não se cumpriu.
Estar presente no presente
adianta o futuro de um passado incompleto.
Não se deve viver de nostalgia.
Mas se o que ficou pra trás
ainda te desperta surpresas sensitivas.
É sinal que o passado não passou.
Tudo que te mexe é vivo.
E tudo que é vivo, ainda pode acontecer.
Polliana Veras

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mestre Gato


Não me acanho quando deparo-me a julgamentos moralistas baixos.
Orgulho-me de expor as minhas vontades e ideologias utópicas
Quero mais que se afoguem em seus preconceitos
ditados por um meio social mesquinho.
Sou deste lado de cá.
Pulei o muro.
Sou do contra.
Do lado da vida.
De quem enxerga pela essência.
Olho de dentro pra fora.
O externo é somente sua capa.
Pele de camaleão.
Sou do bloco da permissão
Dos medrosos da passagem do tempo
Dos que preferem acordar depois do sol se pôr
e dormir quando ele voltar.
Dos adeptos ao amor livre
que amam por qualquer circunstância
mesmo que esse amor dure apenas dois ou três segundos.
Sou fiel ao julgamento do meu eu.
Curada das influências supérfluas.
Dona da minha história.
Contemporrânea do futuro.
Rainha da cumplicidade noturna.
Amiga da boemia.
Respeito a mim, a quem me ronda e a quem merece.
Por fidelidade a mim, apenas peço
que deixe-me aqui no meu mundo paralelo irreal.
Causar mal a quem julga nunca será ato meu.
Apenas preciso de espaço
para exercer a tão fácil missão de ser sem filtros.
Porém permita-me mostrar
a liberdade incondicional do lado de cá.
Prefere ser continuação do que já existe
ou fruto real da sua unidade genética?
Escolha.
Mas seja fiel ao que te faz feliz.
Polliana Veras

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Liberte-se


O passado é imortal.
O corpo anota tudo o que foi dito pela vida.
A experiência faz ficarmos mais atentos
porém mais calculistas e gélidos
A delicadeza torna-se ironia.
A imaginação em sarcasmo.
Saber me atrasa.
Prefiro encontrar-me desinformado eternamente
a transformar o passado em comportamento de defesa extintiva.
Suposições do que não existiu
congela qualquer sentimento ainda em formação.
Entregar-se ao livre arbítrio do destino
torna a surpresa da vivência mais excitante.
Fortalece a ação de despejo do que não mais serve
Livrar-se dos atrasos
Do que atrasa
De quem te atrasa.
Viver o súbito acaso permitindo-se sempre ao (re)começo
Coração sem direção,sem descompasso.
Liberta-te do que já não existe.
O que estar por vim
tem o poder de abrir o casulo para o mundo das incertezas.


Polliana Veras

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Pensar


A rotina nos faz esquecer a beleza extraordinária de existir. Ao longo dos tempos, do nosso crescimento biológico e intelectual, juntamos quantidades enormes de informações superficiais e esquecemos as principais indagações até então nunca respondidas : De onde vim?Por quê vivo?Pra onde vou?. A vida é um fenômeno de tanta magnitude que preferimos passar por cima desses questionamentos (aparentemente simples) a buscar as respostas que necessitam de um pensamento mais focal e complexo. A humanidade não procura saber o por quê da sua origem, não se interroga, prefere camuflar-se por baixo de uma vida pronta, regrada, ditada. Estagnando o pensamento e deixando a vida ser levada pelas estipulações de um sistema econômico falido e egoísta. Viver, deixou de ser um milagre para tornar-se mecânico, pelo simples fato do medo e preguiça de entranhar as razões do pensar. Os humanos já não vivem, eles acomodam-se com o pequeno e mínimo prazer de somente existir. Isso gera uma gama de consequências maiores do quê as que sugerem os livros de auto-ajuda baratos.
Você já nasce com todas as fases regradas : nascer, andar, falar, estudar, trabalhar, casar, reproduzir e morrer. Mal saimos do ventre materno e já temos um pré-molde demrcado. São fases precisas e inevitáveis, porém, tornam-se problemáticas a partir do momento que sua vivência não ultrapassa nenhum desses limites. Quando as regras sociais, morais, e padronizadas por pensamentos hipócritas ( fruto de uma ideologia camuflada mas totalmente pobre de sentimentos humanos ) tornam-se o seu modelo de vida. Com a ajuda da mídia, a qual é manipulada pelo sistema econômico ocidental, o pensamento humano é moldado igualmente a produtos industrializados. A acomodação e a facilidade de viver dessa forma, estigmatiza o novo pensamento " robôtico " da atualidade.


Polliana Veras

Polliana Veras

Paz Consciente

O orgulho já não me cabe á tempos.
Prefiro a dor do desprezo
Mas a paz da tentativa.
Sabes que a razão
cobre a tua vontade de estar presente.
E o que sentes
torna-se superficial para o que julgas certo.
Encontro-me de mãos atadas diante de ti.
Sinto-me como a cera derretida de uma vela
Mudando de forma ao sabor do teu silêncio
O que me resta
É entregar-me aos prazeres paralelos da vida mundana.
Onde na noite quem é sóbrio sobra.
Prefiro o estado retardante da consciência
A me deparar com essa realidade sombria.

Polliana Veras

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sem mais.

O amor muda o foco, o fuso, o contexto. Nos deixa mudo por ter tanto a dizer com a incerteza de não ser chegada a " hora certa ". O abraço afaga as palavras não ditas. A intimidade inicial apagam as luzes, enrolam-nos em cobertas que disfarçam o medo da descoberta de defeitos superficiais. Daí o amor chega acendendo as luzes, puxando os lençóis. Aperfeiçoando os defeitos que se tornam charmosos, simpáticos, expansivos. O que era impensável parece adequado agora. Como é difícil não externalizar o ritmo frenético que fica o seu interior agora feito de puro êxtase e nitroglicerina. A realidade não basta, o amor é surreal....Até a chegada da incopatibilidade de gênios. O medo doloroso destinado a encerrar a mais uma história que parecia eterna. Nervosismo permanente. Vulnerabilidade extrema. Vontade de terceirizar a vida e contratar um gerente administrativo para tomar conta do que você não tem mais capacidade de controlar...largar a casa, os móveis, mudar a identidade e só voltar depois de tudo resolvido.
A falência amorosa é como a falência de uma empresa, os funcionários são as lembranças que saem vagando por ai sem destino e o local da empresa é o seu coração, vazio e sem funcionamento, a espera de um financiamento para se reerguer ou tomar a decisão de fechar as portas de vez. Ninguém mais entra, ninguém mais sai. As lembranças com sentimentos vivos são fertilizantes para esperança. A indefinição é que faz o amor permanecer ou ir embora e não existe nenhuma maneira de diminui-la. A vida se faz de expectativas, lembranças sem desejos são só memórias. Não quero a definição do amor, afinal, só se fala do que se tem a necessidade de compreender. O amor foge da compreensão humana, é abstrato, ou sente ou não conhece.

Polliana Veras

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pra você Ana.


A chegada do fim
Não muda a importância do meio.
Não tenho medo do final
A dor do que se acaba
só é uma afirmação de como o que existiu valeu a pena.
O término da vida
Não tiram as lembranças
Não apagam as conversas
Não destroem uma amizade
Não altera a fome de vida que se teve
Mostre-me o final
Não vai alterar os sentimentos sentidos
Os momentos vividos, as risadas jogadas ao vento
Os planos feitos sem certeza de realização
Não vai retirar o abraço que foi dado
as palavras ditas e a emoção registrada.
É como um livro
Suas palavras escritas ninguém apaga
E o fim do autor, não é o fim da leitura.
Polliana Veras

domingo, 4 de outubro de 2009

Silêncio dos corpos

Procurar as melhores palavras a serem ditas
É assinar a certeza do incerto.
Devemos dizer o melhor silêncio.
Um silencio que não silencia
Feito de olhares e toques
De sensações que só são capazes de serem sentidas
com o mais puro silêncio.
Apenas o barulho dos poros gritando pelo encontro
Do atrito da pele
Do vinho derramado no chão
Dos lençois embaraçados
Da fusão dos corpos
em busca da magia que trás os nossos corpos em nó.
Fundos sonoros de respirações incessantes.
Pura demonstração dos nossos vícios perfeitos
Das nossas virtudes imperfeitas.
O som das unhas nas costas
Do aperto das mãos.
O silêncio do barulho do amor em prática.
A falta de palavras também é um diálogo.
Talvez nada era pra ser de fato dito.
Apenas vivido
Olhado
Tocado
Sentido
Marcado.
Polliana Veras