terça-feira, 24 de novembro de 2009

Levou-te ao céu.
Mostrou-lhe os anjos
as cores
as divindades.
Empurrou-te sem dó.
Alcançou o inferno
conheçeu o fogo
a dor
o escuro.
A alegria que te fez plena
mudou teu plano.
E a dor que trás,
ensinamento.
Suga dela o valor que lhe carrega.
Faz tua vida.
Molda o mundo.
Monta teu céu.
Porque a vida só voa,
se lhe der asas.


Polliana Veras

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Voar


Asas entranham-se em meu corpo apto e louco pela liberdade.
Só estava a espera do grande salto.
Rompeu-se o casulo.
As ideologias encontram-se formadas.
A interioridade saiu da corda bamba.
Mágica de circo.
Guardo em mim o estupor de uma borboleta
que apesar de vida breve
faz-se intensa e marcante após a metamorfose.


Polliana Veras

domingo, 22 de novembro de 2009

Eis a questão.


O que vai ser quando crescer?
Cresci, sou?
Não fui? Não era?
Se ser é existir
tenho casa, nome, profissão
Então sou?
Serei ou estou?
Escolho ser
ou sou a escolha?
O ser é a existência?
Ou existe-se para ser?
Construi-se o ser
ou entregamo-nos ao fardo
de um existencialismo programado.
A existência não tem prosódia.
Prefiro 'esqueSer'.

Polliana Veras

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Au revoir Brésil...


Óh meu lugar com nome de planta.
De eterna folia-de-reis no planalto central.
Terra de sons diversos.
De miscigenação aparente na cara dos seus.
És tão imenso que meus olhos não te alcançam.
Tenho tua ginga no meu sangue.
Enraizado.
Quero ser tua representante em cada canto.
Quero deixar a marca
sendo uma digna filha
deitada em berço esplêndido.
Passarei pelos quatro cantos do globo:
direi aos chineses que o Paraguai é logo ali!
Aos árabes que o petróleo é nosso!
Falarei aos russos do sabor da Ypióca..
O gosto do dendê aos italianos
Do cheiro da natura natureza aos franceses.
Quero levar teu nome tupi a quem te difama.
Orgulho-me de ti
mesmo fora das olimpíadas.
Sei que muitos abusaram do teu " jeitinho característico ".
Mas mesmo estes
sabem fazer de ti,
no luxo ou no lixo,
o melhor lugar pra se viver.


Polliana Veras

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Renascer




Não me falaram que o coração ficaria oco
as palavras vagas, vazias.
Que um dia em cinzas me tornaria
que a flor derramaria as pétalas
que a seca tomaria o rio.
Tristeza ,
a mim você nao cabe..
quando vem
chega feita de tanta intensidade
que me desestrutura
me rasga, dilacera.
Mas sou mais forte, derrubo-te.
Nossas energias entram em choque.
Não sei te ter.
De mim não faz parte.
Sou sol raiando depois da chuva
sou lua indo embora depois da noite.
Aurora do dia.
Minhas cinzas são adubo pra um novo ser.
Fortaleço.
Recupero.
Minha vivência pedi luz.
Sou feita de alegria.
Engulo amor.
Vomito ódio.
Estou pronta.
Recomeço.


Polliana Veras

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Homem dos meus sonhos.



Me pegaste.
Agora encontro-me camuflada de folhas secas deste pomar vasto.
Entrelaçada com os seus braços
desenhados de carne dura.
Meus cabelos confundem-se com o enlaçamento atônito das tuas mãos.
Vejo-me perdida de estupor
e ao mesmo tempo afoita
por acreditar que aquela magia findaria.
Decido quebrar as grades da razão
e deixo confundir-me com o envolvimento
que faz sua respiração incessante.
Por mais que me aprofundes
ainda parece muito distante
do quão te quero perto, dentro.
Meu suor envolvido com o seu
faz grudar as folhas em nossas peles
fatigadas de esforços sublimes.
E o que mais desejo
é fixar minhas raízes em seu corpo
gerando um só ser
naquele palco de energias libidinais.
Por um momento cheguei a pensar
que desapareceria para sempre em suas profundezas.
Tua boca parece fruto de alguma daquelas árvores.
Tua barriga de tão esculpida
parece obra Vinciana.
Transbordas desejo de domínio neste olhar feito de malícia.
Um formigamento começa nos meus pés
percorrendo com indolência meu ser vivo
e incessantemente abstinado de ti.
E dança por um longo caminho.
Nervo a nervo.
Até provocar-me um curto de energia interna
profundamente divina
que qualquer tentativa de descrição
diminuiria sua magnitude.
Despertando-me.
Restando apenas a espera de mais um incessante dia
para encontrar-lhe novamente
no mundo dos meus sonhos.


Polliana Veras

domingo, 8 de novembro de 2009

Lunar



Encontro-me numa dimensão superior transcedental
energias diversas percorrem sobre meu corpo irradiado de felicidade.
Deparo-me diante a lua reluzente sobre meu ser vibrante.
Encaro-a penetrantemente sobre sua luz enérgica
que entra em fusão com meu corpo transbordante de emoções puras.
A dança de luz do trajeto de sensações que bailam no meu eu
transborda e entra em contato com a irradiação lunar.
Não possuo controle sobre o percurso dessas sensações
e as deixo percorrerem livremente a caminho do encontro cósmico
entre o satélite e o mais puro nível do meu ser.
A pureza desse movimento
tem o poder de desprender meu âmago de sentimento puro
e elevar até o seu ser materialmente distante.
Essa mesma força que me desprende
me confirma o transporte de vibração levado a você.
Reafirma a magnitude da nossa sintonia. Desregulada.


Polliana Veras

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Mistério do Planeta


Enviado chamando, enviado chamando!
Tenho muito a dizer sobre a Terra.
Sem paz ela prossegue, de praxe.
Ainda há fome e violência.
Da desigualdade e miséria
não há palavras para descrição.
Destruição do planeta, devastação ambiental.
Gases poluentes multiplicam-se.
Governantes ensinados a enganar.
Ah, meus conterrâneos...
ainda são donos de muita mesmice!
Porém meus caros, informo-lhe o maior causador do meu espanto.
A nossa maior esperança para tornar esse planeta em fênix
Tem exalado-se de forma descontrolada.
Os jovens com ânsia de mudar são poucos.
Encontram-se presos as novidades globalizadas.
Perderam o dom de pensar.
Não buscam seus direitos.
Acomodaram-se.
Logo eles,
netos dos que lutaram pela liberdade de expressão
filhos dos que buscaram a democracia.
Eles assistiram impecheamts!
Eles meus caros
que nasceram numa época livre
Hoje encontram-se enclausurados
Presos numa era mecânica, robótica.
Sem sede de livros.
Onde tudo é virtual, fictício.
Os Novos Baianos já não existem meus amigos!
De Moraes Moreira já nem se falam.
Vida imaginária.
Já não possuem contato íntimo com a natureza.
Vejam! Eles não a sentem!
Escutem o que eles ouvem...
Eles já não sentem sons
nem ouvem cores
não lêem toques.
Nem digo o que fizeram com o amor...
Até o amor virou capitalista!
Vendem amor.
O amor interessa-se pelo poder.
Pelo prazer, pelo dinheiro.
E quando o sentem de fato, são egoístas
querem só pra si
O torna obsessivo
Limitaram o amor a simples sentimento de posse.
Já não sabem o que é amor real.
Existem muitos que desistem da vida.
Dirigem com álcool no sangue
ou inalam coisas brancas, tóxicas.
Sim, muitos deles não aguentam
e se matam aos poucos.
Mas ainda existe,
alguns raros é verdade,
aqueles que enxergam o mundo com poesia.
Que lutam. Por mudança.
Mesmo que seja dentro de si.
Perceberam que a mudança de um todo
só é possível com a transformação interna das unidades.
Residem em um universo paralelo.
Aqui mesmo na Terra.
Mas que é envolto por uma fina camada de pureza que os separam dos outros.
Ah...
Esses jovens foram crianças cristais.
São jovens energizados de positividade
que tem a tendência natural de unirem-se.
Eles possuem imãs internos
e se juntam, andam em bando.
Sempre julgados por suas vestes confortáveis.
Sempre estigmatizados por fazerem uso de uma planta medicinal.
Mas sempre com a cabeça livre.
Aberta pro mundo.
Pra sentir o mundo.
Sentir o real.A liberdade.
Seus princípios são outros.
E vos falo meus conterrâneos,
esses jovens não tem limitações de idade.
Depois que estipulam seu verdadeiro eu diferenciado
possuem o poder de manter-se eternamente jovens.
Já sinto a vibração de uma nova era.
Sinto que é hora da vinda dos meus para esse universo.
Vamos, venham!Já é hora.
Juntamo-nos a eles
e faremos uma revolução interior nos terraqueos.
Vem, é chegada a hora.
Desce e trás o vinil dos baianos.
Meu ouvido está elétrico.

Polliana Veras

Desintalando.



Ás vezes uma relação não termina por falta de sentimento, e sim para preservar a felicidade das lembranças. É hipocrisia dizer que não deu certo. Claro que deu. Foram anos, meses, divisão de vida, aprendizagem de gostos, paciência com defeitos, juras eternas, entrega interior máxima, mesmo com um ponto final. Odeio a palavra fim. Ela poderia ser substituída por recomeço, afinal todo fim é um novo começo. Podemos não ter mais quem queríamos mas pelo menos temos a pessoa em memória. Descobrir a insuportável e delicada memória que não teve um fim, mas um final não muito feliz. Ainda que a dor arrebente, ainda é melhor assim...o fim é uma palavra com um poder de definição muito grande, odeio limitações. Estamos abertos a vontade da vida então não podemos defini-la com tanta certeza. Não sabemos de nada. Somos fantoches do acaso, brinquedos do tempo. Tempo... Deus da mudança ... Não me inquieto quando não recebo as respostas das perguntas que não fiz. Eu me conformei em reservar alguma coisa do que não sei para saber depois. Um pouco desse amor foi acomodado pelo " Deus da mudança", será póstumo. É recomendável não descobrir todos os segredos. Até porque eles podem ser a resposta da angústia do agora ... o passado sempre é resposta do presente do futuro. O mal do ser humano é a pressa. Não digo nem que ela é a inimiga da perfeição, mas inimiga da verdade real pois a pressa adianta um acontecimento que não deveria estar sendo fato naquele instante, e acontece sem durabilidade. Essa é a real diferença do amor e da paixão. A paixão é avassaladora, é substituível, é largar tudo e ir em frente, é palhaço em boca de leão, é esquecer as regras dos horários, esquecer da vida real, do emprego, da casa, dos vícios. O amor não, amor foge da compreensão humana. Amor é tocar no intocável. É curar um defeito sem saber sua existência. É ter a paciência e virtude da espera, o amor real é único, camufla-se, encobre-se, é enganado por outras paixões vividas, mas ás vezes até sem saber permanece intacto. Amor é vírus, depois do contágio estará em seu sangue por toda a vida, até que você morra, ou morra por ele. O amor coloca sua vida em bandeja para o outro. Mas para confiarmos nossa vida a uma outra pessoa precisamos primeiro saber o que foi nossa vida, o que é ,o que será, o que se espera dela. Não tem como ser dois em um só sem saber quem és por inteiro. Não permitas que alguém te conheça se você ainda não se conhece. Amor é livro. Composto de capítulos. Se quiser o amor real leia sua história, depois a complemente com outra. E se esse sapo não virar príncipe, tira ele da história.


Polliana Veras