Desfazer as gotas d'água.
Observar a linha de açúcar no chão formadas pela linha certa de formigas.
Penetrar a mão em um saco de grãos.
Tocar o pé na terra fofa.
Sentir o pêlo do gato.
Se melar de areia e ver o mar desfazer os grãos que desenhavam seu corpo.
Lamber a tampa do iogurte.
Ver o rosa do céu depois que o sol se vai.
O primeiro pedaço do bolo, o último.
O abraço de saudade.
A lágrima de alegria.
O frio na barriga da queda que se toma.
A panela do brigadeiro.
Lamber os dedos.
O deslize suave do escorregão.
Um gol inesperado.
Fazer amor com você mesmo.
O caroço da pipoca que sai do dente.
O segundo que antedece o beijo.
A mão que toca sem espera,os olhos que se encontram.
Acertar o lixo na cesta.
Achar a porca do brinco que nunca está onde caiu.
Dançar pro espelho.
Deitar no chão e vê como a terra vê o mundo...
O prazer está na sensibilidade de quem enxerga.
É só se permitir.
Polliana Veras
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Refazer-se
Serpente do tempo
Nó na garganta
Dor no peito
Falta que queima
Solidão que reclama
que leva a tumba
Ao encontro com um novo amigo
você de dentro
Conhecimento alto
Auto-conhecimento
Forte, amargo, necessário
Aprofundar-se
Faz-se cura
Antídoto de continuação
Força de revitalização
Renascer,reinterpretar
Fênix interno
Portal pro mundo
Boca calada
Cara de espanto
Surpresa diária
Olhos úmidos
Porém refeitos.
Polliana Veras
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
MESTRE enCUCA
Receita do dia : Humana á milanesa.
Você vai precisar de :
- 2 kg de insônia
- 400 g de inquietação
- 1 pitada de agonia
- 1 colher de sopa de lembranças boas
- 1 colher de chá de lembranças incovinientes.
Pegue um humano, acrescente todos os ingredientes e o envolva numa boa camada de papel lençol. Estire-o em uma posição confortável e coloque-o numa cama pré-aquecida. Rode para lá e para cá. A noite inteira. Quanto mais você repete o movimento mais a insônia se concentra na carne e as lembranças apimentam com um leve sabor de saudade.DICA : Algum barulho do tipo pia pingando ou pessoas gritando na rua fortificam o sabor da inquietação.
Espere amanhecer o dia e observe se áreas arroxeadas rondam os olhos do humano.É sinal que o prato já está pronto!!Bon apetit!!
Polli Veras
Você vai precisar de :
- 2 kg de insônia
- 400 g de inquietação
- 1 pitada de agonia
- 1 colher de sopa de lembranças boas
- 1 colher de chá de lembranças incovinientes.
Pegue um humano, acrescente todos os ingredientes e o envolva numa boa camada de papel lençol. Estire-o em uma posição confortável e coloque-o numa cama pré-aquecida. Rode para lá e para cá. A noite inteira. Quanto mais você repete o movimento mais a insônia se concentra na carne e as lembranças apimentam com um leve sabor de saudade.DICA : Algum barulho do tipo pia pingando ou pessoas gritando na rua fortificam o sabor da inquietação.
Espere amanhecer o dia e observe se áreas arroxeadas rondam os olhos do humano.É sinal que o prato já está pronto!!Bon apetit!!
Polli Veras
Era uma vez....
Construo a minha vida em capítulos de contos-de-fadas. Sei que a realidade é outra e que não se deve enxergar o mundo com óculos cor-de-rosa mas até hoje só fui feliz assim. Criando fantasias. Deixando os meus sonhos transbordarem para a realidade. Para mim nada é impossível desde que exista a vontade real. Essa sim não tem o direito de ser só fantasia. Se não for de um jeito, será de outro, mas querendo será. Meus sonhos são minhas metas e os tenho com a certeza e fé que eles serão concretos. Mas, assim como toda história, existe o começo, o meio e o fim. O começo é a descoberta das escolhas, o construir das vontades, o molde do querer e rejeitar. O meio é a luta pela conquista, a batalha para o sonho virar realidade. É o período em que o mal está por cima e o moçinho ainda bem fraco luta para reerguer-se e alcançar seu sonho. O fim, bom, o fim não é o término.Todo final é a primeira etapa para um novo recomeço. É chegada agora o verdadeiro conto-de-fadas.Quando o príncipe encontra a princesa e vão para o seu castelo já todo mobiliado com uma linda carruagem na garagem. Ou a princesa bem-sucedida profissionalmente, independente, carreira boa. Ou o príncipe solteiro e feliz com sua vida noturna e fullgás, ou duas princesas juntas, ou príncipe com príncipe não importa!!Cada um tem seu projeto de magia e felicidade. Mas encarar a vida como um conto-de-fadas é bem melhor. Afinal todo ' era uma vez ' termina com um ' felizes para sempre'.
Polli Veras
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Nós,
fartos de vivência pão e circo.
Que tanto revolucionamos nossos desejos
Continuamos inertes ao tempo,
nutridos de capacidade intelectual de vivência
porém pobres para guiar o próprio destino.
Que se constitui da verdadeira vontade de expôr nosso mundo reprimido.
A rota do que deveria ser
ganha outros céus.
O desvio gerado pelo medo
lança-nos no portal da diferença suprimida.
E emplaca
e enquadra
Iguala.Estigmatiza.
Congelados de coragem.
E caimos no não-querer do que tem que ser feito, imposto.
Mas ao menos deitamo-nos no chão
e enxergamos o modo que a terra vê o mundo.
Polliana Veras
Mar de lembranças
Essa rotina de molhar o travesseiro
Faz questionar-me
o poder da noite de ressuscitar lembranças
De dar vida ao que perdeu a alma
De fazer o passado retornar afoito
sufocando-me de culpa.
Porém não é triste
Pois a causa é iluminada.
Inatingível e purificada.
Só quero o nosso absurdo nesse instante
O seu olhar invasivo
com capacidade de desfazer o verbo
Quero o nosso impossivel real
A nossa luz acessa
sem risco de apagar a chama
Que chama.
Só ama.
Polliana Veras
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Lis
Vento que passa ditando ser pluma leve
entorta a flor de quem não a segura
envolve as pétalas que restaram do ramo.
Faz e floresce.
Espuma a sutileza da semente.
Que germina.
E enlouquece perpetuamente sobre seus novos ramos espinhosos.
Porém cheios de leveza
suporte de tempestade
estandarte de vendaval.
Supera, ultrapassa, segue.
Despetala
perde ramo, perde flor.
Fica espinho, fica terra.
Fica o centro.
O que é de dentro.
Que não se resgata, intacto de fenômenos naturais.
Pura essência filosófica.
Pura teoria marxista.
Pura verdade.
Seja a minha
ou sua.
Polliana Veras
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